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Dança do Frevo

 




Passos e Coreografia

A dança do frevo é uma das manifestações artísticas mais vibrantes do Brasil, marcada pela velocidade, agilidade e improvisação. Seus passos são compostos de movimentos rápidos, acrobáticos e cheios de energia, que exigem grande preparo físico. A coreografia do frevo inclui mais de cem passos catalogados, entre eles o "dobradiça", o "parafuso", o "tesoura", o "ferrolho", o "saci", o "locomotiva", o "cavalinho" e muitos outros que evoluíram ao longo das décadas. Essa variedade demonstra a riqueza técnica da dança e sua complexidade, resultando em um estilo único que combina atletismo, arte performática e tradição popular. Historicamente, os passos do frevo surgiram de movimentos espontâneos realizados por capoeiristas que acompanhavam as bandas durante os carnavais do Recife e de Olinda. À medida que a música acelerava, os dançarinos improvisavam movimentos que lembravam golpes, esquivas, giros e saltos da capoeira. Com o tempo, esses movimentos foram sendo aperfeiçoados, adaptados e organizados, criando um repertório próprio da dança do frevo. Os dançarinos de frevo, conhecidos como passistas, possuem papel fundamental na preservação da dança. Eles treinam diariamente para manter o condicionamento físico necessário e dominar a técnica dos passos. Muitos passos do frevo exigem força muscular, flexibilidade e equilíbrio, já que envolvem saltos em grande altura, giros rápidos e movimentos que exigem alta precisão. Cada performance é única, pois a improvisação é parte essencial da dança. O passista interpreta a música em tempo real, criando movimentos que dialogam com os sopros, a percussão e as variações rítmicas da orquestra. Com apresentações em festivais, competições e eventos culturais, o frevo se tornou uma forma de arte respeitada e admirada no Brasil e no mundo. A dança transcende o carnaval, sendo ensinada em escolas especializadas, academias e centros culturais que promovem cursos para todas as idades, mantendo viva a tradição e garantindo sua continuidade entre as novas gerações.

O Guarda-Chuva Colorido

O guarda-chuva colorido é o símbolo máximo da dança do frevo e desempenha papel essencial na estética e na expressão corporal do passista. Originado como um instrumento de defesa dos capoeiristas — que utilizavam guarda-chuvas comuns para se proteger e para enganar adversários — ele passou a ser incorporado como elemento coreográfico ao longo das décadas. Com o tempo, ganhou uma estética própria: pequeno, leve e extremamente colorido, com tons fortes e vibrantes que dialogam com a energia da dança. Os passistas utilizam o guarda-chuva como extensão do corpo, criando movimentos circulares, diagonais e espirais que complementam os passos. Ele funciona como ponto de apoio, elemento de equilíbrio e ferramenta de composição visual. Quando o dançarino o gira rapidamente, cria um efeito visual hipnotizante que combina perfeitamente com a velocidade da música. Em outros momentos, ele é utilizado como suporte para giros, saltos ou movimentos acrobáticos que exigem precisão. Além disso, o guarda-chuva simboliza a alegria e a irreverência do frevo. Suas cores vibrantes representam a mistura cultural e a diversidade do povo pernambucano. Nas ruas do Recife e de Olinda, durante o carnaval, milhares de guarda-chuvas coloridos se movimentam simultaneamente, criando um espetáculo visual que transforma as ruas em uma explosão de cor e movimento. Hoje, artesãos locais produzem guarda-chuvas estilizados para apresentações, escolas de frevo e turistas. Cada um é feito com cuidado, combinando cores de forma harmônica para preservar a estética tradicional. Em apresentações profissionais, os guarda-chuvas podem ser coordenados entre os passistas, criando coreografias coletivas impressionantes. Já em performances solo, o guarda-chuva funciona como assinatura artística do dançarino, que usa o objeto para expressar estilo e personalidade.

Movimentos Acrobáticos e Técnicos

A dança do frevo é uma das mais complexas do mundo em termos de acrobacia e velocidade. Muitos passos exigem habilidade semelhante à de ginastas e artistas circenses. Os movimentos incluem saltos de altura, giros no ar, quedas controladas, chutes altos, flexões profundas, corridas rápidas e mudanças de direção instantâneas. Existe uma combinação natural entre força, elasticidade e resistência cardiovascular que torna a dança extremamente desafiadora. Entre os movimentos acrobáticos mais conhecidos está o “parafuso”, um giro vertical em que o dançarino parece flutuar no ar. Outro destaque é o “tesoura”, em que as pernas se cruzam rapidamente enquanto o corpo sobe e desce com precisão. O “dobradiça” é um movimento em que o dançarino se inclina totalmente para trás, quase tocando o chão com a cabeça, exigindo extrema flexibilidade da coluna. Já o passo “ferrolho” envolve um salto em que o dançarino abre as pernas no ar e fecha rapidamente antes de aterrissar. A improvisação é uma parte fundamental da execução desses movimentos. Embora existam passos codificados, o frevo incentiva a criatividade. Cada passista desenvolve seu próprio estilo, adicionando variações pessoais, combinações inéditas e sequências únicas. Isso garante que nenhuma apresentação seja igual à outra e mantém o frevo sempre em renovação. Para executar esses movimentos com segurança, muitos passistas treinam diariamente. O preparo físico inclui alongamentos intensos, exercícios de força e treinos de resistência. Alguns combinam dança do frevo com capoeira, balé, ginástica artística ou dança contemporânea, enriquecendo suas performances com técnicas variadas.

Grandes Nomes da Dança

Ao longo da história, muitos dançarinos se destacaram e se tornaram referências na dança do frevo. Entre eles, destaca-se Nascimento do Passo, considerado um dos maiores nomes da história do frevo. Ele foi responsável por sistematizar passos, criar técnicas de ensino e desenvolver coreografias que influenciaram gerações. Sua dedicação e talento ajudaram a elevar o frevo ao status de dança profissional, levando-o a palcos nacionais e internacionais. Outro grande nome é José Carlos Barbosa, conhecido como "Biu do Frevo", famoso por seu estilo acrobático e sua habilidade técnica. Biu se destacou pela forma como combinava passos tradicionais com movimentos inovadores, tornando-se símbolo da vivacidade do frevo. Na contemporaneidade, grupos profissionais de dança como a “Companhia de Dança do Recife”, a “Escola de Frevo do Recife”, o “Paço do Frevo” e diversas academias independentes têm formado novas gerações de artistas que mantêm viva a tradição. Esses grupos realizam apresentações no Brasil e no exterior, participando de concursos, festivais e eventos culturais que promovem o frevo como patrimônio artístico. Professores, coreógrafos e pesquisadores também desempenham papel essencial. Eles documentam passos, criam métodos de ensino, elaboram materiais educativos e conduzem pesquisas sobre a evolução da dança. Sem esse trabalho, muitos elementos importantes da tradição poderiam se perder.

Influência na Cultura Popular

A dança do frevo influenciou profundamente a cultura popular pernambucana e brasileira. Ela está presente nos carnavais, nos desfiles, nas festas populares, nos eventos oficiais e até em apresentações escolares. O frevo representa a identidade e o espírito do povo pernambucano: alegre, vibrante, resistente e criativo. Além disso, a dança do frevo ultrapassou as fronteiras do Brasil. Companhias de dança realizam turnês internacionais, levando o frevo para países como França, Alemanha, Estados Unidos, Japão e Portugal. Em festivais culturais, o frevo é recebido com entusiasmo devido à sua energia contagiante e à beleza técnica dos movimentos. O reconhecimento internacional veio também com o título de Patrimônio Imaterial da Humanidade, concedido pela UNESCO. Esse reconhecimento reforçou a importância do frevo como expressão cultural, garantindo maior visibilidade e apoio institucional para sua preservação. Nas mídias contemporâneas, o frevo aparece em videoclipes, programas de televisão, campanhas publicitárias e produções cinematográficas. Muitos artistas utilizam elementos do frevo em coreografias de shows e apresentações ao vivo, incorporando sua energia e estilo inconfundível. Assim, a dança do frevo permanece viva, se reinventando e dialogando com novas gerações, sem perder suas raízes históricas. Ela é símbolo de orgulho cultural e força artística, representando a alma vibrante do povo pernambucano.